segunda-feira, 10 de abril de 2017 - 15:04
Mestrado destaca desafios da economia

O professor Cláudio Accurso ministrou a aula inaugural do Mestrado em Desenvolvimento Regional das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat), na noite de 7 de abril, no auditório do campus. Além dos atuais mestrandos, componentes da quarta turma da Faccat, em atividade desde março passado, participaram alunos e professores da graduação, docentes do próprio Mestrado e pessoas da comunidade. O encontro também valeu como aula magna das novas turmas de Especialização em Gestão Empresarial e Controladoria e Finanças da instituição de ensino.

Antes da fala do convidado, ocorreu o lançamento do livro “Desenvolvimento Regional em Perspectiva”, com a presença de alguns de seus autores. O momento foi conduzido pelo professor Mário Riedl, coordenador do Mestrado e organizador da obra juntamente com os colegas Marcos Paulo Dhein Griebeler e Egon Roque Fröhlich. A coletânea de ensaios traz uma síntese das primeiras dissertações produzidas no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Faccat.

Falando sobre o tema “Desafios da economia brasileira: produtividade e planejamento”, Cláudio Accurso pintou um retrato realístico do atual momento vivido pelo Brasil e suas perspectivas futuras. “A impressão é de que nunca na história do País se viveu um quadro tão grave, com 13 milhões de desempregados, lideranças desacreditadas e partidos que não têm o que dizer”, descreveu.

Para o palestrante, a raiz de grande parte dos problemas brasileiros reside na enorme desigualdade social, que faz com que, num mesmo território, coexistam pessoas com níveis de vida que vão do primeiro ao terceiro mundo. “Temos uma inferioridade congênita para aceitar a repetição sem fim dessas diferenças?”, questionou, lembrando que as origens remontam à época do Brasil Colonial.

Cláudio Accurso disse que é preciso colocar intencionalidade no desenvolvimento do País, pois não basta simplesmente aumentar a renda per capita, se as distâncias sociais permanecerem iguais. Da mesma forma, acrescentou, é preciso atacar a baixa produtividade do trabalhador brasileiro, que é de 25% na comparação com os índices dos países desenvolvidos.

Avaliou também que nenhuma política econômica pode ser bem-sucedida, se não há demanda interna. O problema, para ele, é que o lucro das empresas em geral não é construído com base na eficiência, mas em cima da mão de obra. “Numa economia aberta, com baixa produtividade, a tendência é a especialização na produção de bens primários e minerais”, apregoou, citando o processo de desindustrialização que já está em curso no Brasil.

Dirigindo-se diretamente aos jovens presentes na plateia, comentou que caberá a eles suportarem os próximos 50 anos do Brasil, que poderão ser marcados tanto por um cenário igual ou pior que o atual ou com novos horizontes. “O momento que estamos vivendo é dificílimo, pois estamos perdendo o conceito de nação, que é aquilo que identifica um povo, e está sobrando um país, ou seja, um campo de caça onde vale tudo”, alertou, acrescentando que a realidade de agora, ao mesmo tempo que é uma infelicidade e uma desgraça, também é um desafio para que cada um assuma as suas responsabilidades na construção de um futuro melhor.



Foto lançamento do livro
Foto do público
Foto do palestrante
Foto da abertura
Foto lançamento do livro
Foto do público
Foto do palestrante
Foto da abertura