quarta-feira, 29 de agosto de 2018 - 19:08
Reforma Trabalhista em debate

A Reforma Trabalhista no Brasil, aprovada no ano passado, foi uma mudança significativa na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Reforma essa muito questionada e alvo de muitas críticas até hoje. Para muitos brasileiros, a mudança ainda não está bem esclarecida e se torna centro de discussões. Então, para lançar as perspectivas da efetiva aplicação da nova legislação laboral, o curso de Direito das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) organizou na noite de terça-feira, dia 28 de agosto, um debate sobre a temática. Além disso, promoveu o lançamento do livro CLT Comentada dos Juízes do Trabalho da 4ª Região – 3ª edição, 2018. Os palestrantes do encontro foram a juíza do Trabalho do Tribunal Regional da 4ª Região e presidente da Associação da Magistratura do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (AMATRA4), Carolina Hostyn Gralha; o juiz do Trabalho titular da 4ª Vara do Trabalho de São Leopoldo e membro da Academia Sul Rio-grandense de Direito do Trabalho, Rodrigo Trindade de Souza; e a juíza do Trabalho Titular da 4ª Vara da Comarca de Taquara, Cinara Rosa Figueiró. Participaram ainda da mesa de abertura o coordenador do curso de Direito da Faccat, José Alcides Renner; o presidente do conselho deliberativo da Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste (FEEIN), Nicolau Rodrigues da Silveira; e o diretor-geral da Faccat, Delmar Backes.

Problema de legitimidade e Consolidação das Leis Trabalhistas

Na avaliação do coordenador do curso de Direito da Faccat, José Alcides Renner, a discussão em torno da Reforma Trabalhista é importante porque é preciso esclarecer os problemas que afetam a sociedade brasileira. Para ele, o problema maior está na legitimidade das novas normas. “Penso que uma norma desta dimensão, ser discutido e ser aprovado em dois meses na Câmara dos Deputados, sem ter passado pelas comissões, é sob qualquer ângulo, uma adversidade e podemos afirmar que temos um problema de legitimidade”, analisa.  

Já o presidente da FEEIN, Nicolau Rodrigues da Silveira, destaca o privilégio do lançamento da Consolidação das Leis do Trabalho comentada por um grupo de juízes da 4ª Região. “Com certeza é uma obra que traz para nós advogados um sinal de como o Judiciário Trabalhista Rio-grandense está pensando e julgando dentro desta nova normatização, que nos foi colocada com a legislação aprovada no ano passado”, ressalta.

Responsabilidades do Judiciário

O diretor-geral da Faccat, Delmar Backes, comenta ainda que a Reforma Trabalhista é um assunto que está em debate permanentemente. “O Judiciário está tendo uma responsabilidade cada vez maior porque muitas vezes o Legislativo não cumpre com o que deveria cumprir. As coisas deveriam ser mais ágeis para que se possa fazer justiça. Os poderes Executivo, o Legislativo e o Judiciário têm suas responsabilidades”, salienta Backes, reforçando a ideia de que o Judiciário deve cumprir com seu papel não deve receber responsabilidades que não são de sua competência.

Alterações em mais de 100 dispositivos

O organizador e autor conjunto da obra intitulada CLT Comentada dos Juízes do Trabalho da Quarta Região, o juiz Rodrigo Trindade de Souza, comenta que Reforma Trabalhista deveria ser melhor tratada, melhor pensada e estudada por especialistas. “Desde 1943, quando surgiu a CLT, não tínhamos uma alteração tão impactante na legislação da área do trabalho. Então é importante que a gente estude estas alterações, essas diversas modificações. Hoje em dia, quem se diz seguro sobre a aplicação do Direito do Trabalho não estudou a lei ainda”, pontua o juiz, enfatizando ainda que na Reforma Trabalhista há alterações de mais de 100 dispositivos. “A reforma tem alterações muito superficiais, de tentativas de aperfeiçoamento, mas a maior parte mexeu muito e atuou em todas as áreas do direito trabalhista, direito individual, coletivo e direito processual do trabalho”, sintetiza.   

Impactos da nova legislação

A juíza da comarca taquarense e também autora conjunta do livro, Cinara Rosa Figueiró, comenta os impactos da nova legislação. “O contrato de trabalho está sujeito às alterações e a validade destas alterações dependem de determinadas condições. Embora a Reforma Trabalhista tenha introduzido alterações significativas, ela não traçou nenhuma norma de transição”, explica. A juíza ainda comenta que os contratos extintos antes da entrada em vigor da reforma, por ela não serão atingidos. “Vale a regra vigente dos contratos, mas o retrocesso social que essas novas normas estão trazendo, devem entrar em discussão”, pondera.

Reforma Trabalhista, só tempo mostrará o resultado

Na opinião da juíza e autora conjunta da obra CLT Comentada dos Juízes do Trabalho da Quarta Região, Carolina Hostyn Gralha, só o tempo vai dizer como será o resultado desta Reforma Trabalhista. “Me preocupa a vida do trabalhador e do empresário que hoje não sabem o que fazer. É preciso avaliar com cuidado quem é o trabalhador e quem é o empregador. O empregador que mais coloca postos de trabalho neste País é o pequeno e médio empresário e a Reforma Trabalhista não foi feita para o pequeno e médio empresário”, enfatiza Carolina. Ela ainda sugere que é preciso ainda debater e esclarecer os pontos da nova legislação. “Temos que ter o compromisso com a verdade, como os nossos quereres e com os nossos fazeres”, conclui.





Juiz Rodrigo de Souza
Juíza Cinara Figueiró
Juíza  Carolina Gralha
autoridades na mesa de abertura
Juiz Rodrigo de Souza
Juíza Cinara Figueiró
Juíza  Carolina Gralha
autoridades na mesa de abertura