Marcos Rolim foi o palestrante na aula magna do curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat), realizada dia 2 de maio, à noite, no auditório do campus. Ele abordou o tema “A Formação de Jovens Violentos no Rio Grande do Sul”, assunto pesquisado em sua tese de doutorado com jovens da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), com perfil de matadores, e também em uma escola na periferia de Porto Alegre, onde identificou e analisou os grupos mais propensos à violência.
Doutor e mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria, Rolim é atualmente, também, diretor de Comunicação Social do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) e exerceu quatro mandatos parlamentares, como Vereador, Deputado Estadual e Deputado Federal.
“Não temos políticas de segurança pública no Brasil. O tema é vitimado por uma polarização de ideologias. De um lado, a visão que diz que a questão é fácil de se resolver com leis mais duras, polícia na rua e mais cadeias”, salientou Rolim, lembrando que isso não funciona porque, ao contrário, temos meio milhão de presos no Brasil e a violência vem aumentando. Segundo ele, a visão de que também bastaria uma melhor distribuição da renda para resolver a questão da segurança pública também não é verdadeira. “A pobreza e a desigualdade social são fatores de risco, mas não são os únicos. Há muitos outros”, disse o palestrante, enfocando a necessidade de não se contentar com o discurso ideologizado e ir pesquisar os temas relacionados ao assunto com mais profundidade.
Nos dados que apresentou, ilustrou que a massa carcerária do Estado tem 30 mil presos, sendo que apenas 3% deles mataram alguém. Dos 4.400 detentos no Presídio Central, apenas 102 são homicidas. “É preciso lidar com evidências e pesquisar para delinear políticas públicas de segurança”, disse Marcos Rolim. Destacando a motivação de sua tese, comentou que procurou saber como se forma alguém capaz de matar, o que acontece antes na vida desses jovens violentos, alguns com demonstrações de violência extrema, não compreensível.
Para isso, produziu entrevistas em profundidade com a história de vida deles e fez estudos comparativos entre os jovens violentos e seus amigos da infância que não se envolveram com o crime. Lembrou que o adolescente está mais propenso à ruptura da lei e que não tem maturação cerebral. Também destacou que não é o rigor da pena que os inibe, mas o medo de ser pego. Segundo Rolim, o crime é aquilo que os humanos fazem. A transgressão produz mudança e há fatores genéticos que condicionam respostas violentas como a impulsividade e pessoas do sexo masculino. “Os homens praticamente monopolizam os crimes violentos no mundo inteiro. Há outras teorias, sendo que as duas mais trabalhadas na pesquisa foram a Teoria da Violentização e a Teoria do Autocontrole”, ressaltou o palestrante, exemplificando para os acadêmicos detalhes aprofundados da tese de doutorado, de acordo com o que foi evidenciado pela pesquisa.
A abertura da aula magna foi feita pelo coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional, Mario Riedl, também avaliador na banca de doutorado de Marcos Rolim, salientando a importância do tema que serve de exemplo para toda a nossa realidade brasileira. Já o diretor-geral da Faccat, Delmar Backes, afirmou que o desenvolvimento regional é uma preocupação que a instituição tem há anos, ressaltando a importância do Mestrado na Faccat. Sobre o tema da palestra, o diretor reforçou que o país precisa de políticas públicas para resolver essa chaga que é muito séria. “Temos que preparar cidadãos para o mundo. A escola ajuda, mas a base da educação diária é a família”, argumentou Delmar Backes.