quarta-feira, 09 de agosto de 2023 - 16:08
A Dinâmica Demográfica do Corede Paranhana 2000- 2022

Entre 2000 e 2010 a população brasileira cresceu 12,48% e a gaúcha apenas 4,97%. Somente dois Coredes gaúchos apresentaram um crescimento populacional superior ao brasileiro neste período: Litoral Norte (21,64%) e Serra (17,47%). Não obstante, o Paranhana apresentou uma dinâmica demográfica muito robusta. Sua população cresceu 11,89%. A região só não teve um desempenho melhor em função de Taquara. Dos quatro municípios mais populosos do Paranhana – Taquara, Parobé, Igrejinha e Três Coroas – o único município que apresentou uma dinâmica demográfica inferior ao RS foi o primeiro, cuja população cresceu apenas 3,44%.

Este quadro não apenas se repetiu nos últimos 12 anos como se aprofundou. Entre 2010 e 2022 a população brasileira cresceu apenas 6,45%; o RS ficou muito abaixo da média nacional e cresceu apenas 1,74%. E ao contrário da primeira década, o Paranhana não se destacou no Estado: sua população cresceu 2,49%, ocupando o décimo terceiro lugar entre os 28 Coredes. Mais uma vez, em função de Taquara, que apresentou decréscimo populacional de -2,56%. A população domiciliada no município passou de 54.600 para 53.200; vale dizer: mais de 1400 pessoas, em torno de 400 famílias abandonaram Taquara ao longo de doze anos.

Neste mesmo período, Igrejinha, Lindolfo Collor e Rolante apresentaram um crescimento populacional de mais de 1000 pessoas. Enquanto Parobé e Três Coroas ampliaram a população em pouco mais de 500 pessoas cada um. Na verdade, o único município do Paranhana que apresentou perda populacional foi Taquara. Nos últimos 22 anos, entre 2000 e 2022, 70% do crescimento populacional da região deu-se em função de Parobé, Igrejinha e Três Coroas. Tendo em vista o crescimento populacional da primeira década, Taquara ainda apresenta um saldo líquido positivo de 417 pessoas. Mas isto significa um crescimento populacional de apenas 0,79% em 22 anos; o que equivale a um crescimento anual médio de apenas 0,036% ao ano.

Taquara ainda é o município mais populoso do Paranhana, superando Parobé por 1200 habitantes. Ainda mais importante: por sua posição geográfica, Taquara é o centro do Corede e corresponde, de certa forma, à sua “capital”. Por isso mesmo urge entender os elementos que têm levado a esta perda de população no coração do Paranhana. Tendo em vista o crescimento dos demais municípios – igualmente especializados na produção calçadista – não se poderá atribuir a perda populacional à crise do setor. Crise que, por sinal, em grande parte já vem sendo superada. Quer nos parecer que seja preciso ir além desta hipótese mais simples e atentar para os serviços do município, que, durante muito tempo, foram alvo de demanda dos domiciliados nas cidades vizinhas. Aparentemente, com o crescimento acelerado de Parobé, Igrejinha e Três Coroas estas cidades passam a fornecer, elas mesmas, os serviços que, anteriormente, a “capital do Paranhana” era a única apta a oferecer. Este processo não é, em si mesmo, negativo para a região como um todo. Mas é, sim, preocupante para Taquara. E também pode alimentar uma entropia regional, levando a que os municípios em expansão acelerada acabem por se aproximar e se associar a outros polos regionais, seja no sentido das Hortênsias (Três Coroas e Igrejinha), principal polo turístico do Estado, seja no sentido da região do Vale dos Sinos (Parobé), núcleo da indústria calçadista. As lideranças do Corede Paranhana precisam estar alerta para este risco. Que não é menor.

ARTIGO de Carlos Águedo Paiva - Doutor em Economia e professor do Programa de Pós-Graduação da Faccat em Desenvolvimento Regional


Crédito de foto: Claucia Ferreira/Faccat

Professor Dr. Carlos Paiva
Professor Dr. Carlos Paiva