segunda-feira, 20 de outubro de 2025 - 17:10
Encontro promove reflexões sobre desafios e práticas frente à violência
Com o objetivo de discutir diferentes formas de violência e suas repercussões na sociedade, o 1º Encontro de Desafios e Práticas frente à Violência – Casos, Contextos e Caminhos de Cuidado foi realizado no dia 18 de outubro, no auditório 3 do Centro de Eventos da Faccat. O evento reuniu profissionais da área da Psicologia, egressos e acadêmicos, promovendo reflexão, troca de experiências e conscientização sobre as múltiplas dimensões da violência e os caminhos possíveis de cuidado. A realização foi dos acadêmicos formandos de Psicologia com apoio da coordenação. Os palestrantes convidados foram as psicólogas Mestre Daniele Guidotti; Dra. Patrícia Colossi; Pó-Dra. Sarah Puthin; Ana Paula Winter; o psicólogo Eder Ulmann e a Mestre Ana Streit.
A mestre Daniele Guidotti destacou a importância da ética como base de toda prática profissional. “Nunca negociem a ética com vocês. A ética a gente não negocia”, enfatizou. Ela encerrou sua apresentação com um poema de Gabriela Mistral, que reforça a urgência do cuidado e da atenção às crianças, lembrando que “seu nome é hoje”, em referência à responsabilidade coletiva com as novas gerações.
Violência psicológica é uma dor silenciosa
Na parte da tarde, abrindo os discursões, os psicólogos Ana Paula Winter e Éder Ulmann conduziram uma fala conjunta sobre os impactos da violência psicológica na vida cotidiana, tema que suscitou grande interesse entre os participantes. Ana Paula destacou a importância de reconhecer as próprias vulnerabilidades e o valor da autenticidade na atuação clínica. “A violência psicológica é uma dor silenciosa, muitas vezes invisível, mas que corrói a identidade e a autoestima de quem a vivencia”, comenta Ana, destacando ainda para um outro tipo de violência que ocorre muito. “A gente está falando de uma dor muito silenciosa, que está muito relacionada com a desconexão do outro, com formas de ferir que muitas vezes não são compreendidas. E essa violência, ela normalmente vem acompanhada de uma segunda dor, que é uma segunda violência, que é a dor da invalidação, a dor da invalidação emocional, a dor da incompreensão. Porque quem sofre de violência psicológica em algum nívelvai ter sintomas dessa violência”, explica.
Psicólogos também devem cuidar da saúde mental
Já seu colega de profissão, o psicólogo Éder Ulmann reforçou a relevância do olhar ético e sensível no atendimento, alertando que a prática clínica também pode reproduzir violências sutis quando não há escuta genuína. “Às vezes, o paciente precisa do silêncio, e nosso papel é acolher esse silêncio sem forçar algo que não é dele”, observou. Ele também ressaltou a importância do cuidado contínuo com a saúde mental dos próprios profissionais, lembrando que “é uma violência irmos para o mercado de trabalho sem estarmos em tratamento”. Além disso, ele de reconhecer os limites na prática clínica e de refletir sobre as próprias ações dos profissionais. “Na tentativa de sermos bons profissionais e de atender às demandas que surgem, muitas vezes corremos o risco de impor algo que não é genuíno do paciente, o que também pode configurar uma forma de violência”, alerta. Ulmann ressaltou ainda a necessidade de abrir espaço para discutir os casos que não deram certo, os pacientes que interromperam o tratamento e as dificuldades do manejo clínico, temas pouco abordados em congressos e grupos de estudo, mas essenciais para o crescimento e a ética na atuação psicológica.
Texto e fotos: Claucia F da Silva/Faccat


