A aula magna dos cursos de Psicologia, Enfermagem e Fisioterapia das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) ocorreu na última segunda-feira, dia 20 de março, à noite, no campus, abordando o tema “Emergências em Desastres: e eu com isso? ”, organizada pelas coordenações dos cursos da área da saúde da Faccat com o objetivo de promover a interdisciplinaridade, a inovação e a relevância social.
Para o encontro foram convidadas palestrantes diretamente ligadas ao atendimento dos sobreviventes e familiares da tragédia da Boate Kiss e, mais recentemente, da tragédia envolvendo a Chapecoense. As convidadas foram Marisa Bastos Pereira (fisioterapeuta) e Soeli Guerra (enfermeira), vinculadas ao Plano de Estruturação Emergencial do Centro Integrado de Atendimento às Vítimas do Incêndio em Santa Maria (CIAVA) e autoras da obra Protocolos de Atendimento às Vítimas da Boate Kiss.
A abertura do evento, direcionado aos acadêmicos, contou ainda com a presença das coordenadoras Cláudia Capellari (Enfermagem), Silvia Dutra Pinheiro Coiro (Psicologia) e Ana Melissa Malmann (Fisioterapia), além do representante da Defesa Civil na região, Cláudio Rocha; do presidente da Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste, mantenedora da Faccat, Nicolau Rodrigues da Silveira; e do diretor-geral da Faccat, Delmar Backes.
A coordenadora de Psicologia destacou a importância de se discutir, cada vez mais, sobre esses eventos que têm ocorrido com mais frequência, como as tragédias naturais, recentemente, em Rolante e São Francisco de Paula ou casos como o da Boate Kiss e da queda do avião da Chapecoense. Já Cláudio Rocha enfatizou o papel da academia como fundamental para auxiliar na atuação em casos de emergências em desastres.
"Estamos pouco preparados para emergências e desastres", disse o diretor Delmar Backes, argumentando que os seres humanos são os culpados pelos desastres provocados a partir da irresponsabilidade e da ganância. Já o presidente da mantenedora, Nicolau Rodrigues da Silveira, lembrou do impacto e da tristeza na noite da tragédia na Boate Kiss e da importância em se formar profissionais que saiam da faculdade sabendo como lidar com essas situações.
A enfermeira Soeli Guerra destacou na palestra, mediada pelo professor Mateus Levandowski, as ações adotadas no caso do desastre da Boate Kiss, ocorrido em Santa Maria em 2013, quando morreram de imediato 232 jovens, além das centenas de vítimas que ficaram feridas em decorrência de um incêndio naquele local. Ela detalhou todo o plano emergencial de atendimento às vítimas numa ação integrada entre vários hospitais de Santa Maria e do Rio Grande do Sul, médicos, enfermeiros e profissionais das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, entre outros órgãos como Defesa Civil, Força Aérea, governo do Estado, prefeituras, etc.
“Quanto mais se abre para a participação de diferentes áreas de conhecimento, maior é o aprendizado em nossas atividades”, exemplificou a enfermeira
Já a professora e fisioterapeuta Marisa Bastos Pereira enfatizou o orgulho que tem da sua profissão, lembrando o empenho de todos em auxiliar as vítimas da Boate Kiss. “O maior vilão deste desastre foi a fumaça”, lembrou, salientando que entre 60% a 80% dos óbitos imediatos ocorridos na cena de um incêndio são atribuídos à inalação da fumaça. No caso da Boate Kiss, a intoxicação foi por cianeto, liberado pela queima de materiais altamente voláteis que havia no ambiente.