Autora de dezenas de livros sobre inclusão, publicados no Brasil e no exterior, a jornalista se destaca por várias atividades, entre elas consultoria em acessibilidade e a direção da ONG “Escola de Gente – Comunicação em Inclusão”, organização que forma jovens e, não apenas discute a qualificação da mídia, como contempla todas as formas de comunicação humana. A Escola de Gente se propõe a formar uma nova geração de adultos, disseminando conteúdos de inclusão entre jovens com idade dos 15 aos 29 anos, trabalho que se multiplica atualmente por toda a América Latina.
Para a jornalista, envolvida com o tema “inclusão” muito antes dele ganhar a projeção atual, o processo de respeito aos direitos humanos, de inclusão em si, ainda é lento, se comparado, por exemplo aos rápidos avanços da tecnologia, mais valorizados e considerados fundamentais pela sociedade atual.
Consultora sobre o tema em programas de TV, Cláudia Werneck tem disseminado seu conhecimento na área por onde passa, no Brasil e no exterior, ressaltando que a escola especial pode complementar, mas não substituir a escola regular. Sobre o papel do jornalista, acredita que ele tem que trabalhar mais pelos direitos humanos, lembrando que a mídia conhece muito pouco da legislação obrigatória sobre inclusão.
Essa discriminação se manifesta na escola e nas atitudes da maioria das pessoas. “Não é a chegada de uma criança com deficiência que trará mais problemas à escola”, destaca a jornalista, ressaltando, porém, que a tendência é expulsá-la e segregá-la. “Não podemos medir o valor da inclusão pela quantidade de pernas ou olhos de uma criança”, diz ela. A realidade apresentada é que a escola espera pela criança “normal” e aguarda o retorno que ela possa dar ao país.
A lei esclarece que nenhuma escola pode barrar o acesso de um aluno deficiente, situação caracterizada crime, com previsão de pena de reclusão de quatro a cinco anos. “A escola não tem o direito de escolher a criança que quer ensinar. Você é educador de gente”, afirma a jornalista, que também é responsável pela realização de aproximadamente 400 oficinas inclusivas em 10 países.
DIVERSIDADE - Com mediação da professora Marilene Cardoso e a presença de intérprete narrando a palestra através da Linguagem Brasileira de Sinais para surdos, Cláudia mostrou um vídeo produzido pela Escola de Gente, onde constam todas acessibilidades, como legenda e áudio-descrição. “Nós erramos o tempo todo. Temos a mania de olhar para alguém e dar uma nota”, criticou a jornalista, ressaltando que costumamos hierarquizar a condição humana, especialmente se a pessoa for diferente. Frisou que na inclusão real não se pode escolher a diversidade com que se vai trabalhar. “Incluir não é colocar para dentro quem está fora. É muito mais, é uma proposta de reconstrução dos sistemas. O problema da inclusão é o meio”, salientou.
Enfatizando que fomos criados acreditando ser permitido hierarquizar as condições humanas, Cláudia Werneck concluiu a palestra falando que o valor das pessoas está justamente na diversidade infinita. Nesse contexto, a escola passa a ser muito mais do que um local onde se aprende conteúdos didáticos, mas um lugar de exercício ético, de formação de cidadãos.
O Seminário Nacional de Educação prosseguiu dia 17 de junho com uma mesa redonda debatendo o tema “Diferença, Diversidade e Currículo”, abordado pelas professoras doutoras Iara Tatian Bonian, Gládis Elise Pereira da Silva Kaercher e Rosa Maria Hessel Silveira. No mesmo dia ainda ocorreram as apresentações de pôsteres e lançamento de livros, além das comunicações orais e palestra de encerramento com a professora doutora Jaqueline Moll, que falou sobre “Escola, Educação Integral e Diversidade”.
O encontro ainda contou com a participação do presidente da mantenedora da Faccat. Nicolau Rodrigues da Silveira; do diretor-geral da Faccat, Delmar Backes; do secretário municipal de Educação e Cultura de Taquara, Clademir Belchior Bragança; e da vice-diretora a de Extensão e Assuntos Comunitários, Marlene Ressler.