O diretor geral da Faccat, Delmar Backes, saudou aos conselheiros tutelares, acadêmicos e professores, elogiando o trabalho desenvolvido em benefício das crianças e adolescentes que precisam de socorro. Salientou a importância do curso para formação dos conselheiros tutelares como forma de apoio e de valorização desta atividade para que saibam como agir com as famílias e consigo mesmos, já que os problemas que os envolvem os afetam, também , de alguma maneira. Já a vice-diretora Marlene Ressler lembrou que as negociações para implantação deste curso iniciaram no ano passado, através do vereador Cláudio Silva.
Para a coordenadora regional dos Conselhos Tutelares, Solange Tim, este curso significa um grande avanço para o Estado, uma vez que esta é a primeira regional a ter uma escola de formação para conselheiros tutelares no Rio Grande do Sul. “A Faccat foi nossa parceira e vai contribuir para todos os que trabalham na área da infância e da juventude”, destacou a coordenadora. “Este curso é um anseio em nível de Estado, é uma necessidade ampla que precisamos dar continuidade. Muito além de um curso, nasce uma escola”, reforçou o vereador Cláudio Silva.
Considerada uma experiência pioneira no estado, o curso para Formação de Conselheiros Tutelares ganha prestígio e apoio de autoridades ligadas à defesa da criança e do adolescente, como a deputada federal Maria do Rosário. “Todos, Estado, família e comunidade, somos responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes”, lembrou a deputada, lamentando o histórico de injustiças e desigualdades do país. Apresentando dados estatísticos, Maria do Rosário enfatizou que apenas 20% dos mais ricos ficam com 68% da renda nacional, enquanto que os 20% mais pobres ficam com apenas 2,5% da renda. “São fatores históricos que construíram este país tão contraditório”, disse a deputada.
DIREITOS NEGADOS
Dados da UNICEF indicam que 14 milhões de crianças e adolescentes do país têm seus direitos negados. Segundo ela, a situação no campo e no interior apresenta um grau de precariedade ainda maior, agravado pelo fato de que a mulher acaba sendo, em muitas situações de miséria, a única provedora do sustento dos filhos. “Essas famílias são as mais vulneráveis ao trabalho infantil”, argumentou. Por outro lado, a comemorar o aumento da escolaridade, ela cita o fato de que programas do governo garantem a permanência de 97% de crianças no Ensino Médio, com idade entre 6 e 14 anos. “Os que não estão na escola é pela situação do ambiente familiar desestruturado e que acabam indo para o trabalho infantil”, disse a deputada.
Maria do Rosário ainda lamentou a discriminação histórica a negros e indígenas (com altos índices de repetência e evasão entre essas classes), um legado a essas pessoas que vigora desde a escravidão. “Não vivemos uma plena democracia racial. Esta não é uma construção natural, são construções históricas, políticas e econômicas, traduzidas ao longo de séculos no Brasil”, protestou.
Para ela, a criança não é o amanhã, o que está por vir. É preciso ser um incentivador dela hoje. Por isso, na sua opinião, os conselheiros tutelares são autoridades importantes e devem estar imbuídos da sua missão que é proteger os que estão em situação de risco. Num contexto conjunto com as leis que os protegem, especificamente desde 1990 com o Estatuto da Criança e do Adolescente, surge a ação da escola e dos Conselhos Tutelares, que devem estar atentos e, se possível, trabalhar em parceria na percepção dos problemas que atingem menores em situação de risco.
“Considero este um momento muito importante dentro da Faccat, com a integração de conselheiros tutelares, alunos e professores em defesa das crianças e dos adolescentes. “Podemos ter todas as diferenças, sejam religiosas ou partidárias, mas não podemos trair a confiança de sermos os responsáveis por eles”, finalizou a deputada Maria do Rosário.
ESCOLA DE CONSELHEIROS
- A Escola de Formação de Conselheiros Tutelares e Operadores da Área da Infância e Juventude iniciou com aulas dia 6 de maio e prosseguirá, sempre às quartas-feiras, até 22 de julho. O objetivo é capacitar conselheiros tutelares e operadores da área da infância em nove módulos que tratarão desde a dimensão pessoal e metodologia de trabalho do conselheiro tutelar até a diretrizes e rede de proteção e política de atendimento à criança e ao adolescente.
