“Conhecimento e aprendizagem na escola – o professor pesquisador” foi o tema da palestra ministrada dia 28 de maio para alunos dos cursos de pós-graduação na área da Educação da Faccat, no auditório do campus. O professor Fernando Becker (doutor em Psicologia Escolar, mestre em Educação, graduado em filosofia) abordou o assunto, que também é o foco de seu atual livro, “Ser professor é ser pesquisador”, lançado em parceria com Tânia Marques.
“A compreensão disso só se dá através de uma visão epistemológica, embasada na teoria de Piaget que quer dizer, em síntese, que o conhecimento como capacidade não existe quando se nasce, mas é construído posteriormente, sobretudo nos primeiros 15 anos de vida, entre a infância e a adolescência”, resume o professor. Segundo Fernando Becker, pela epistemologia de Piaget, só se consegue compreender algo se, previamente, foram construídos os instrumentos para isso. Trata-se da interação da pessoa com o mundo em várias etapas, que variam de acordo com a intensidade, papel vinculado, também, à classe social em que o indivíduo está inserido.
O papel do professor para poder ensinar é conhecer a capacidade que essa criança construiu até hoje. “Há questões que crianças de classe média resolvem aos 7 anos e que outras, de 11, 12 anos, não conseguem, na periferia”, diz o educador, lembrando da necessidade de se entender isso para saber a quem está se ensinando. Para Fernando Becker, cada aluno precisa ser “pesquisado”, não no sentido científico, mas no sentido de se compreender a capacidade que a criança traz, que não é inata e nem do meio e sim construída por ela.
ENSINAR A QUEM? - Em todo esse processo, o intercâmbio dos pais também é fundamental para a interação com a escola e com a sociedade. Na opinião do palestrante, o professor deve ter conhecimento do desenvolvimento cognitivo humano para poder ler no comportamento das crianças o que está acontecendo. “Se o professor não ler esse comportamento, vai ensinar para quem? Aí entra a sua capacidade de investigar, saber quando uma criança está com problemas para dar encaminhamento ou mudar seu modo de trabalhar”, avalia Becker.
Nesse contexto, além de ensinar, o professor aprende, já que o aluno ensina a respeito da sua vida. Para Fernando Becker, hoje, a grande maioria dos professores não tem isso. “Eles ensinam do mesmo jeito e esperam que o aluno repita até aprender. Tem aluno que nunca aprende, só repete, e então ocorre um desgaste dos dois lados, causando um mal estar ao professor”, enfatiza o palestrante.
Por isso, Becker reforça a importância do professor saber investigar, pesquisar seu aluno e as condições em que vive, além de ter competência própria no que vai ensinar para fazê-lo bem. Ele diz reforça que qualquer criança tem um mundo de compreensões. Se o professor não conhece, “mira a perdiz e acerta o cachorro”, ilustra o educador. Ele atribui a isso, basicamente, as baixíssimas performances de escolas públicas (estaduais e municipais) e de algumas particulares, também, ainda longe do ideal proposto.
Na abertura do evento, o diretor geral da Faccat, Delmar Backes, deu boas vindas aos acadêmicos dos cursos de pós-graduação, salientando que estamos sempre aprendendo, em qualquer idade, seja no ensino, na pesquisa ou na extensão, trinômio que norteia as ações da Faccat. “Por isso temos que ter percepção e observarmos o dia-a-dia. Todos os momentos são muito importantes porque nenhum segundo volta”, enfatizou o diretor.