quarta-feira, 31 de agosto de 2011 - 00:08
Juremir Machado palestra sobre Legalidade
Um dos cronistas mais lidos do jornalismo gaúcho na atualidade voltou às Faculdades Integradas de Taquara (Faccat), na noite desta terça-feira, dia 30 de agosto. Juremir Machado da Silva, que publica uma coluna diária no jornal Correio do Povo, veio para falar sobre os 50 anos da Legalidade, movimento político estadual que visou a garantir a posse do vice João Goulart na presidência da República, após a renúncia do titular, Jânio Quadros. A palestra lotou o auditório do campus, reunindo na platéia estudantes e outras pessoas da comunidade interessadas no tema.

Autor do livro “Vozes da Legalidade”, recentemente publicado, o convidado rememorou episódios, alguns pitorescos, que marcaram aquele final de agosto de 1961. Segundo expôs, os indícios para o controvertido gesto de Jânio Quadros dão conta de que ele tinha em mente fechar o Congresso Nacional a fim de fortalecer o seu poder. Ao renunciar, imaginava que contaria com o apoio popular para alcançar seu intento, o que acabou não se concretizando.

Com base nas pesquisas realizadas sobre o assunto, Juremir contou alguns detalhes da articulação política e militar que se seguiu após a saída de Jânio, tendo como um de seus principais protagonistas o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola. Ele requisitou a Rádio Guaíba para mobilizar a população no sentido de garantir a posse de João Goulart, conforme determinava a Constituição da época, ao contrário do que pretendiam importantes lideranças nacionais, sob o pretexto de que o vice-presidente poderia implantar o comunismo no Brasil.

Em reação, montou-se um verdadeiro cenário de guerra no Rio Grande do Sul, com direito a trincheiras protegidas por sacos de areia e arame farpado junto à sede do governo estadual, distribuição de armas à população e ameaças reais de bombardeio sobre Porto Alegre.

“A Legalidade não foi uma brincadeira, mas algo muito perigoso, a iminência de uma guerra civil e que resultou posteriormente em muitas punições: gente que foi presa e que teve sua vida devastada”, relatou Juremir, referindo-se à implantação do regime militar, três anos após o episódio de 1961. Mesmo assim, na sua definição, o levante ocorrido em terras gaúchas se constituiu numa história fantástica de heroísmo, desprendimento e de respeito à lei. “A Legalidade serviu como exemplo de que as pessoas podem lutar simplesmente pelo que é certo, sem visar a nenhuma outra recompensa”, acentuou, acrescentando que o movimento pode servir de inspiração às gerações atuais para a busca de um mundo mais justo e transparente.

A palestra de Juremir Machado da Silva partiu de iniciativa da professora Marlise Meyrer e dos alunos da disciplina de História do Brasil IV, do Curso de História, inserindo-se em programação que será desenvolvida até o dia 3 de setembro e que inclui uma exposição sobre os 50 anos da Campanha da Legalidade.

Na abertura do evento marcaram presença o diretor geral da Faccat, Delmar Backes; o presidente da mantenedora da instituição (Feein), Nicolau Rodrigues da Silveira; e a coordenadora do Curso de História, Dalva Reinheimer.