quinta-feira, 05 de dezembro de 2024 - 14:12
Dissertação: Vulnerabilidade Social

A psicóloga Caroline Britto da Silva Silveira,39 anos, conclui sua pesquisa de dissertação, com uma análise sobre a percepção das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família de Taquara. A pesquisa, intitulada "Vulnerabilidade Social: Uma análise sobre a percepção dos beneficiários do Programa Bolsa Família no município de Taquara/RS", foi orientada pela professora Drª Dilani Bassan e integra seu Mestrado de Desenvolvimento Regional do Programa de Pós-Graduação, das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat), que estendeu de 2022 a 2024.

De acordo com Caroline, o objetivo da pesquisa foi compreender as dificuldades enfrentadas pelas beneficiárias do Bolsa Família na superação da situação de vulnerabilidade social, além de analisar o perfil das famílias atendidas, os suportes que elas possuem por meio de políticas públicas e os fatores que podem potencializar o desenvolvimento humano dessas famílias. Caroline, que já atua há dez anos no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com experiência no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), explica que a escolha do tema surgiu da observação da realidade vivida pelas famílias em vulnerabilidade social e da constatação de que, muitas vezes, essa situação se repete ao longo das gerações.

A pesquisa foi realizada em Taquara, abrangendo tanto bairros da zona urbana quanto da zona rural, com a participação de 58 responsáveis familiares, sendo 56 da zona urbana e 2 da zona rural. A metodologia utilizada foi qualitativa, com uma abordagem exploratória, incluindo entrevistas nas residências dos beneficiários, o que, para Caroline, foi um diferencial importante. "Ao entrevistar as pessoas em seu próprio território, elas se sentem mais pertencentes e dispostas a compartilhar suas experiências e dificuldades", comenta.

A percepção das famílias

A pesquisa revelou que, apesar dos desafios cotidianos, como a falta de acesso a médicos, distância das escolas e dificuldades financeiras para atender às necessidades básicas, as beneficiárias demonstram grande desejo de melhorar suas condições de vida. Muitos expressaram sonhos de estudo, qualificações profissionais e, acima de tudo, a busca por uma vida mais estável e próspera para seus filhos.

"Uma das descobertas mais impactantes foi perceber que, muitas vezes, as pessoas em situação de vulnerabilidade social são rotuladas de forma negativa. Ouvi delas o desejo genuíno de mudar de vida, de trabalhar e estudar. Isso reflete uma enorme capacidade de resistência e uma perspectiva de futuro que muitas vezes não é visível para a sociedade em geral", afirma Caroline.

Desafios e Oportunidades

A pesquisa também aponta a necessidade urgente de aprimorar a escuta ativa nas políticas públicas. Caroline sugere que a capacitação das equipes do SUAS e a criação de espaços de escuta nas comunidades vulneráveis são fundamentais para garantir que as famílias possam expressar suas necessidades e colaborar na construção de soluções.

Ela destaca ainda que é fundamental que as políticas públicas, tanto na proteção social básica quanto na especial, considerem as famílias como participantes ativas da construção de suas próprias soluções. Nesse sentido, é importante que haja uma parceria mais robusta entre os setores público e privado para que, de fato, sejam criadas oportunidades reais de inclusão social e geração de justiça social.

"Essa pesquisa reforçou minha vontade de continuar pesquisando sobre vulnerabilidade social, e acredito que ela me dá mais subsídios para criar estratégias de intervenção que realmente atendam às necessidades da população", Caroline.

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Texto: Claucia Ferreira/Faccat

Foto: Divulgação

Caroline Britto da Silva Silveira
Caroline Britto da Silva Silveira